O vereador Delegado Thiago Prado concedeu entrevista exclusiva ao Agora Alagoas nesta terça-feira (29), destacando os detalhes e objetivos da audiência pública marcada para a próxima segunda-feira (05), às 14h, na Câmara Municipal de Maceió. O debate terá como foco a proposta de internação compulsória de pessoas em situação de rua com dependência química, um tema que vem ganhando urgência diante do crescimento de “cracolândias” e da sensação de insegurança em regiões da capital alagoana.
A audiência reunirá representantes de órgãos públicos, sociedade civil e especialistas da área da saúde mental e assistência social. Segundo o parlamentar, o encontro visa discutir soluções para um problema que tem afetado diretamente moradores, comerciantes e turistas, sobretudo nos bairros da Ponta Verde, Pajuçara e Jatiúca, onde há relatos frequentes de ocupações irregulares, crimes patrimoniais e situações de risco envolvendo usuários de drogas.
Thiago Prado destacou que o crescimento no número de dependentes químicos em vias públicas está diretamente relacionado ao aumento da criminalidade e à vulnerabilidade dessas pessoas. “Muitos desses usuários acabam partindo para o crime, cometendo arrombamentos ou sendo assassinados por dívidas com o tráfico. Precisamos agir antes que esse cenário se agrave ainda mais”, afirmou.
O vereador protocolou recentemente um projeto de lei que regulamenta o atendimento a dependentes químicos e pessoas com transtornos mentais em Maceió. A proposta prioriza o tratamento ambulatorial, mas também define critérios específicos para internações voluntárias, involuntárias e compulsórias, baseadas em avaliações clínicas e respaldadas por parecer médico.
“A internação compulsória é um instrumento de saúde pública. Trata-se de um ato de cuidado, não de punição. É para proteger quem não tem mais discernimento do que é melhor para si ou para a coletividade”, explicou Prado.
O parlamentar também defendeu que a responsabilidade pelo enfrentamento ao problema deve ser compartilhada entre município, estado e União, com ampliação da rede de atendimento especializado e investimento em políticas públicas de reabilitação e reinserção social. Ele enfatizou que não se trata de uma medida autoritária, mas de uma resposta emergencial a uma crise sanitária, social e de segurança pública.
“Não é restrição de liberdade individual. Não estamos falando de detenção, e sim de um ato da saúde pública, baseado em critérios médicos, voltado à preservação da vida”, completou.
A audiência pública promete abrir espaço para escuta, debate técnico e construção coletiva de caminhos que possam oferecer acolhimento digno e efetivo a pessoas em situação de rua e dependência química, um dos maiores desafios urbanos enfrentados por Maceió nos últimos anos.