Mensagens obtidas pela revista VEJA mostram que Mauro Cid, já na condição de delator, fazia um jogo duplo. Enquanto fornecia à Polícia Federal informações sobre a movimentação antidemocrática, relatava a pessoas próximas uma versão completamente diferente do caso. Nos diálogos, ele afirma que o delegado responsável pelo inquérito tentava manipular suas declarações e alega que o ministro Alexandre de Moraes já teria decidido condenar alguns réus antes mesmo do julgamento. Nesse período, Cid havia assumido o compromisso de falar a verdade, manter em sigilo o teor de suas revelações e evitar o uso de redes sociais.
As mensagens foram trocadas entre 29 de janeiro e 8 de março de 2024, quando o tenente-coronel já estava proibido de se comunicar com outros investigados e de comentar sobre o conteúdo da delação. Por meio da conta @gabrielar702, ele falava abertamente das longas oitivas que enfrentava e acusava os investigadores de distorcer suas declarações.
Ao utilizar redes sociais e compartilhar o conteúdo dos depoimentos com terceiros, Cid pode ter violado cláusulas do acordo de colaboração premiada. Isso pode resultar na anulação da delação e na revisão dos benefícios judiciais concedidos ao militar.









