A TV Gazeta, pertencente ao conglomerado de comunicação do ex-presidente Fernando Collor, está enfrentando um embate judicial com a Globo, após a emissora carioca informar que encerrará a parceria de 48 anos com o grupo alagoano no final do ano. A TV Gazeta, que está em processo de recuperação judicial desde 2019, ingressou com um pedido no âmbito desse processo, buscando a renovação compulsória do contrato de retransmissão em Alagoas. A Globo, por sua vez, classificou a atitude da TV Gazeta como “covarde” e se opôs à renovação, alegando que a manutenção da associação contratual geraria “gravíssimo dano reputacional”, citando condenações de Collor por corrupção.
O pedido da Gazeta foi protocolado em 8 de novembro, e a resposta da Globo foi anexada ao processo em 17 de novembro, segundo informações obtidas com exclusividade pelo UOL. A Globo argumentou que a TV Gazeta não se preparou para o término da relação contratual, acrescentando que a renovação seria prejudicial à sua imagem, dado o envolvimento de Collor em esquemas de corrupção. A decisão sobre a renovação compulsória será avaliada pelo juiz Léo Dennisson Bezerra de Almeida, da 10ª Vara Cível da Capital de Alagoas, em um processo que tramita em sigilo.
No pedido à Justiça, a TV Gazeta alega ter sido pega de surpresa pela decisão da Globo e argumenta que a relação deveria ser mantida por pelo menos mais cinco anos. A emissora destaca investimentos de R$ 28 milhões realizados desde 2010 e alerta sobre o grave impacto financeiro que o término da parceria causaria ao grupo, podendo levar ao encerramento das atividades da OAM, que engloba sites, jornais e rádios. A Globo, por sua vez, refutou as alegações da TV Gazeta, destacando que a informação oficial sobre o fim do contrato foi enviada dentro dos prazos estabelecidos e que a manutenção da parceria causaria danos à sua reputação. Além da disputa comercial, a gestão das empresas de Collor tem sido questionada ao longo do processo de recuperação judicial, envolvendo débitos, empréstimos não pagos e denúncias de irregularidades na votação do plano de pagamento apresentado pela OAM, que ainda aguarda homologação judicial.