Maceió, 16 de junho de 2025.
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Tiroteio no Senado: há 60 anos, pai de Collor matava colega dentro do Senado

Imagem: Reprodução

O clima era de guerra no Senado em 4 de dezembro de 1963. Na época, o presidente da casa, Auro de Moura Andrade (PSD), pediu reforço na segurança, com guardas à paisana. Estranhos foram impedidos de entrar no plenário e assessores tinham que passar por revista, bem como todos que acessavam as galerias, já que não havia aparelhos de raios-x, nem detectores de metal nas sedes dos Três Poderes da República, na recém-inaugurada Brasília.

Antes da sessão, seguranças do Senado desarmaram Leopoldo Collor de Mello, de 22 anos, o filho mais velho do senador Arnon de Mello (PDC), de Alagoas, ele havia tentado entrar na sala com um revólver. Com o flagrante, Lepoldo foi liberado para seguir adiante, mas desarmado. Entrou na sala e sentou perto de um genro do também senador alagoano Silvestre Péricles de Góis Monteiro (PTB), inimigo de seu pai. Essa rivalidade regional causava preocupação no Senado.

Todos no Congresso sabiam que os funcionários de Arnon e Silvestre estavam sempre por perto com a missão de proteger os patrões. O senador Lino de Mattos ainda subiu à mesa da presidência da Casa e avisou Moura de Andrade que Silvestre Péricles disse que ia “encher de balas a boca do senador Arnon de Mello”, assim que ele começasse a falar. Antes de iniciar a sessão, Moura de Andrade fez uma advertência ao microfone sobre o recado recebido.

O primeiro orador inscrito é o senador Arnon de Mello, ele se levantou da cadeira e foi até o microfone no meio do plenário, assim que o presidente da Casa passou a palavra, o pai de Fernando Collor logo de cara citou o inimigo: “Senhor Presidente, permita vossa excelência que eu faça o meu discurso olhando na direção do senhor senador Silvestre Péricles de Góis Monteiro, que ameaçou me matar, hoje, ao começar o meu discurso!”. De pé, Silvestre deu alguns passos e rebateu: “Crápula, canalha, ordinário, ladrão, cafajeste!”.

Arnon sacou uma arma e disparou duas vezes. Silvestre se jogou no chão, fazendo com que os presentes acreditassem que ele havia sido atingido, mas, das cadeiras do plenário, também puxou um revólver e apertou o gatilho, mas não saiu nenhuma bala. Os tiros de Arnon não atingiram o alvo, o senador Silvestre, mas uma das balas alcançou e matou o senador José Kairala, do Acre.