Para chegar ao restaurante popular do Centro, Ivaldo Silva, 56 anos, e o sobrinho Leonardo Silva, que tem deficiência física e intelectual, pegam o ônibus bem cedo no bairro Clima Bom, a 15 quilômetros de distância. Eles chegam para tomar café da manhã, em seguida vão ao local onde o jovem recebe tratamento de saúde ou cumprem qualquer outro compromisso na região e retornam para almoçar.
A rotina segue diariamente há anos por dois motivos. O primeiro é que sem o acesso às refeições, tio e sobrinho não conseguiriam almoçar todos os dias, porque a renda da família é de um salário mínimo referente ao benefício do jovem. O segundo é porque, mesmo com a inauguração de novas unidades do restaurante na parte alta de Maceió, é no Centro onde os dois se sentem melhor.
E não são só eles. A unidade central tem a preferência do público e serve quase 400 mil almoços por ano. Com a criação de mais quatro unidades e a implementação do desjejum social, a Prefeitura de Maceió se aproxima do patamar de 2 milhões de refeições servidas desde 2021.
“Se não fosse o restaurante, eu e ele estaríamos passando fome”, revela Ivaldo, confirmando um dado obtido pela equipe de nutrição do restaurante popular, segundo o qual a maioria dos usuários enfrenta o problema de insegurança alimentar, ou seja, nem sempre têm acesso à alimentação.
“Aqui é a minha segunda mãe. Esse lugar mudou muito a minha vida e todos os dias, eu e o Leonardo estamos aqui. É a minha casa, onde eu me sinto muito bem. Fiz amizades com o povo, que é muito gente boa. E a comida é maravilhosa, com um preço maravilhoso”, afirma.
Para garantir o acesso de mais famílias à alimentação de qualidade e com baixo custo, o Município inaugurou unidades no formato pegue e leve nos bairros Jacintinho, Benedito Bentes, Tabuleiro do Martins e Levada, no Mercado da Produção.
Além disso, a equipe de nutrição da Secretaria de Desenvolvimento Social, Primeira Infância e Segurança Alimentar (Semdes) tem feito pesquisas de satisfação periódicas com os usuários para alinhar cada vez mais a alimentação saudável com o sabor, o que tem deixado a comida por lá cada vez mais gostosa.
A nutricionista Isabel Gazzaneo, coordenadora técnica de alimentação e nutrição da Semdes, explica que o restaurante popular tem o diferencial de olhar para os usuários. Além disso, a equipe busca estimular o consumo de alimentos regionais e, mais recentemente, acatou as sugestões de frutas que eles passaram.
“Eles pediam muito mais melancia e banana no lugar de maçã, além do suco sem açúcar para o diabético. Então, com essa visão diferenciada da gestão, a gente está conseguindo dar uma oferta mais segura e mais particular para os usuários, que ficam mais satisfeitos”, conta.
Assim como em todo restaurante, lá tem um campeão de vendas, que é o frango assado. Para agradar o público, a opção passou a estar no cardápio três vezes por semana. Além disso, a carne moída passou a ser mais pedida depois de alguns testes com novos condimentos e novo preparo feito pela cozinha.
“Estamos sempre conversando com os usuários e alinhando o que pode ser feito. A gente chama de bandejão, mas é um bandejão colorido, é um prato saudável. E estamos sempre vendo preparações para que as pessoas aceitem melhor o alimento saudável. É um cuidado e um acolhimento, que é o nosso diferencial. A gente está fazendo aquilo que o usuário gostaria de colocar na boca, dando uma qualidade melhor na alimentação e com acessibilidade”, pontua a nutricionista.