Em meio à crescente rejeição entre o eleitorado evangélico, o Partido dos Trabalhadores (PT) decidiu investir na formação religiosa de seus quadros. A Fundação Perseu Abramo, braço de formação política da legenda, lançou o curso online “Fé e democracia para militância evangélica brasileira”, voltado a filiados, dirigentes, militantes, além de lideranças sociais e religiosas. A ideia é fortalecer a interlocução com os evangélicos, grupo que hoje figura entre os mais críticos ao governo Lula.
De acordo com uma pesquisa do Datafolha de fevereiro deste ano, 48% dos evangélicos avaliam o desempenho do presidente como ruim ou péssimo. Em contraste, apenas 20% consideram a gestão petista boa ou ótima. Entre os católicos, os índices são mais brandos: 36% de reprovação. A preocupação com a percepção negativa tem feito o PT buscar formas de estreitar laços com esse setor, inclusive com o mapeamento de lideranças para ocuparem cargos de direção no partido.
“Nosso objetivo é subsidiar o PT para melhorar a interlocução com a comunidade evangélica, que é parte integrante da classe trabalhadora”, disse o pastor presbiteriano Luís Sabanay, coordenador do Grupo de Estudos sobre religião da Fundação. A movimentação revela uma tentativa clara de reconquistar um segmento social cada vez mais alinhado ao campo conservador e resistente ao discurso progressista tradicional do partido.