8 de dezembro de 2025
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Produtores americanos de soja pedem que Trump coloque fim as tafiras retaliatórias após China aumentar compra do produto vindo do Brasil

A Associação Americana de Soja enviou uma carta ao presidente Donald Trump pedindo que a produção agrícola seja prioridade nas negociações comerciais com a China. O documento, divulgado nesta terça-feira (19), alerta que as tarifas impostas no comércio entre os dois países reduziram drasticamente as compras chinesas de soja norte-americana, o que ocasionou a uma migração dos compradores para o mercado da América do Sul, principalmente o Brasil.

Dados oficiais divulgados pela Administração Geral de Alfândega da China nesta quarta-feira (20) confirmam essa mudança. Em julho, as importações de soja brasileira pelo país asiático cresceram 13,9% em relação ao mesmo mês de 2024, somando 10,39 milhões de toneladas — o equivalente a 89% do total adquirido pela China no período. Já a soja dos Estados Unidos registrou queda de 11,5%, caindo para 420,8 mil toneladas.

No texto enviado a Trump, os produtores destacam que a soja norte-americana enfrenta uma tarifa 20% maior do que a originária da América do Sul, o que tem levado compradores chineses a fechar contratos principalmente com o Brasil. “Devido à retaliação tarifária em curso, nossos clientes de longa data na China recorreram e continuarão a recorrer aos nossos concorrentes na América do Sul para atender à sua demanda. Uma demanda que o Brasil pode atender devido ao aumento significativo da produção desde a guerra comercial anterior com a China”, afirmam os produtores.

O fortalecimento da soja brasileira também foi atribuído ao aumento da produção nos últimos anos e à formação de estoques por parte da China, diante das incertezas no comércio internacional. Entre janeiro e julho, o país asiático importou 42,26 milhões de toneladas do grão brasileiro, queda de 3% em relação ao ano passado. No mesmo período, as compras de soja dos EUA subiram 31,2%, alcançando 16,57 milhões de toneladas. A Argentina também ganhou espaço: em julho exportou 561 mil toneladas para a China, e no acumulado do ano já soma alta de 104,7% nas vendas. A associação alerta ainda que os agricultores do país estão “à beira de um precipício comercial e financeiro”.