Durante o mês de abril, o vice-prefeito Cleber Malta, da Barra de Santo Antônio, cidade que fica no Litoral Norte de Alagoas, denunciou a prefeita Lívia Carla para o Ministério Público (MP), com uma série de irregularidades. Na ocasião, Malta afirmou que há problemas em todas as secretarias e até “rachadinhas” com o dinheiro público.
Na quarta-feira (03), ele procurou a imprensa para fazer novas denúncias contra a prefeita. Da última vez, Cleber não tinha provas do que havia falado, apresentou apenas fotos e vídeos de obras inacabadas, porém, desta vez veio com documentos e até testemunhas que comprovam as irregularidades.
“Como já havia dito, há rachadinhas além de irregularidades nas obras na cidade que são feitas sem licitações. A prefeita disse que eu não tinha como provar, mas ela se enganou. Entrou contra uma liminar para ser retirada do ar a entrevista em que eu a denuncio, mas não provou que estava regular, que fala a verdade”, lamenta o vice-prefeito.
“Só para pontuar um erro da gestão e provar que há de fato ‘roubo’. Na sua gestão tem funcionários fantasmas e até contratos feitos de forma errada. Como no contrato de funcionários que faziam outras funções e recebiam como se fossem em outras, buffet que na verdade era recepcionista. Que tinha um salário de R$ 1.100, mas na conta cai R$ 1.500, R$ 1. 600 e o saldo superior ao salário tinha que ser entregue em mãos a seu secretário e vereador Adalio Rios – não podia ser feito Pix ou ser colocado em conta. O funcionário tinha que sacar e entregar em mãos”, denuncia Malta.
Entre as provas, Cleber trouxe uma ex-servidora da Prefeitura, que preferiu não se identificar. Atualmente desempregada, ela afirma serem verídicas as informações apresentadas. “Realmente há irregularidades na gestão de Lívia Carla. Eu fui contratada para trabalhar como recepcionista, mas na minha ficha tinha outra função. Meu salário era R$ 1.100, mas entrava na minha conta R$ 1.500, R$ 1.600 e eu sacava e tinha que devolver ao Adalio Rios. E isso de fato não podia ser feito via Pix ou conta, era em mãos”, conta a testemunha.
A ex-funcionária ainda disse que trabalhou por muito tempo e deu o seu melhor, mas relatou que com o passar do tempo a situação chegou em um lugar difícil.
“A gente recebia em nota, não tinha folha e sempre recebíamos mais do que o salário, como já disse, mas começou a atrasar ao ponto que fiquei sem nada em casa e cortaram minha energia. Com isso a mistura [carnes] que tinha na geladeira se perdeu. Então, solicitei a ele [Adalio Rios] uma ajuda, não era nem o salário, era de fato de alimentação ou a energia paga, mas ele me negou e ainda disse que se não estivesse satisfeita desse o lugar a outra pessoa. Isso me frustrou muito, fiquei desgastada. Inclusive teve uma fala dele que me senti ameaçada. Ele disse: ‘as pessoas colhem o que plantam’. Perguntei se era uma ameaça. Mas enfim… essas denúncias são verdadeiras e não sou apenas eu, conheço outras pessoas que recebem um valor e entra outro para devolver o que passa. E tenho provas disto”, afirmou a testemunha, enfatizando que não tem medo de ameaças e que a denúncia foi feita de livre e espontânea vontade. Ela lembrou que no dia 2 de maio o dinheiro dos meses atrasados foi pago.
O vice-prefeito informou que já entrou com uma ação nos Ministérios Públicos Estadual e Federal, solicitando uma varredura na prefeitura da Barra de Santo Antônio.
“Por que ela não se pronunciou? Por que ela não fez questão de provar que as acusações são falsas ou calúnias? Eu estou do lado da verdade e do povo barrense. Ela que precisa provar que está dentro da lei. Continuo perguntando onde está o dinheiro dos precatórios, das obras feitas sem licitações, do ginásio que até hoje não foi finalizado, cadê? Lívia e Antônio Veríssimo estão enganando a população e faltando com a verdade. Estou aqui mais uma vez para denunciar essas irregularidades, essa gestão é comandada por um prefeito que não foi eleito, pois quem manda e desmanda na Barra de Santo Antônio é ele e não a prefeita. Eu repito. não tenho medo de ameaças e vou continuar buscando provar as falcatruas dessa gestão”, disse Malta.
Outra denúncia feita por ele é a contratação de veículos sem licitações e que já pertencem a secretários da cidade. “Como já havia falado, há veículos que são de pessoas ligadas a Lívia que estão em nomes de terceiros. Veículos locados que tiram muito dinheiro dos cofres públicos”.
Outro ex-servidor que também preferiu ter sua identidade protegida se colocou à disposição para confirmar a veracidade das denúncias. “Estou aqui para colocar em pauta todas as irregularidades que presenciei e já foram divulgadas. Eu confesso que fui um homem que estive ao lado da prefeita e de seus secretários, que apoiei a gestão, mas não dá mais. Eu era assessor/motorista do Rios quando fui contratado e em seguida fui levado para a Assistência Social onde ocupei o cargo de tesoureiro. Este último só no nome e para assinar papéis, pois eu não lia nada. Quem era de fato o tesoureiro ou chefe era Adalio Rios. Mas eu sabia dessas notas, desses valores. Existem funcionários lá só no nome e outros que ganham um valor real, mas entra mais para ser devolvido. Assim como minha colega também estou denunciando sem medo e sem ser forçado a nada”, ressaltou a testemunha.
Ele disse ser a prova de que há erros nas locações de veículos. “Uma van que é locada para a cidade pertence ao vereador já citado aqui. Eu mesmo fui com ele comprar o veículo, que está alugado para a prefeitura e em nome de terceiros. E assim tem outros carros”, finalizou.
Ao ser contactada, a prefeita disse: “Em resposta a sua mensagem. Venho informar que todas as acusações infundadas, ilações e desrespeitos, serão enfrentadas com ações criminais, movidas contra tantos e quantos ousem assim proceder. Sejam pessoas físicas, jurídicas, empresas ou agente de comunicação. Boa noite!”.
O secretário de Assistência Social Adalio Rios disse que as acusações são infundadas e são apenas uma tentativa do vice-prefeito Cleber Malta de tirar Lívia Carla do cargo e assumir a Prefeitura. “Isso é uma tentativa política de tirar a prefeita do seu cargo e assumir. Mas meu advogado já entrou em contato com o jurídico do jornal para tentar evitar a matéria de ir ao ar para evitar desgaste na Justiça”, afirmou.