8 de dezembro de 2025
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Pesquisadores descobrem dispositivo que ajuda a detectar metástase de câncer de boca pela saliva

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Pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), com apoio da FAPESP, criaram um protótipo de biossensor capaz de identificar sinais de metástase do câncer de bpoca  partir da saliva, sem a necessidade de procedimentos invasivos. A tecnologia, que cabe na ponta dos dedos, promete evitar cirurgias desnecessárias e tornar o tratamento mais preciso.Segundo os pesquisadores, o aparelho detecta três proteínas específicas associadas à disseminação do câncer, chamadas LTA4H, CSTB e COL6A1, que podem ser encontradas nos primeiros sinais de espalhamento para os gânglios do pescoço, geralmente um indicador de agravamento do quadro clínico.

O método utilizado é a espectroscopia de impedância eletroquímica, que permite acompanhar o comportamento das proteínas quando entram em contato com a área ativa do sensor, composta por ZIF-8, um material poroso, e anticorpos específicos.Os anticorpos funcionam como um sistema chave-fechadura, capturando as proteínas-alvo e aumentando a precisão da análise.

Um dos grandes diferenciais do dispositivo é a utilização de inteligência artificial, que interpreta os dados coletados. Modelos de machine learning treinados pelos pesquisadores conseguiram identificar casos de metástase com até 76% de acerto com base no perfil salivar das proteínas, sendo o biomarcador LTA4H o mais eficaz para diferenciar pacientes com ou sem disseminação tumoral. O câncer de boca normalmente exige cirurgias exploratórias, como a dissecção cervical, que podem causar complicações e deixar sequelas.

De acordo com a pesquisadora Luciana Trino Albano, responsável pelo estudo em seu pós-doutorado no CNPEM, “em média 70% das cirurgias realizadas para verificar metástase não encontram evidências de disseminação tumoral. Com o biossensor, essas operações poderiam ser evitadas.” Atualmente, as pesquisadoras avançam para as próximas etapas do projeto, visando produzir o biossensor em escala. A expectativa é que, em até três anos, o exame esteja disponível em formato de kit portátil, utilizável em hospitais, consultórios odontológicos e programas públicos de rastreamento do câncer de boca.