Uma investigação da Superintendência do Trabalho no Rio, Polícia Federal e Ministério Público Trabalho aponta que dependentes químicos acolhidos em uma casa de reabilitação ligada a uma igreja evangélica foram obrigados a trabalhar e fornecer mais da metade do valor que recebiam ao pastor da igreja Alcance Vitória, em Paciência, no Rio de Janeiro.
Em depoimento, um dos trabalhadores relatou que recebia R$50 por dia de trabalho, mas que o dinheiro era liberado por um monitor apenas no dia determinado para fazer compras de itens básicos. Ainda conforme o relato, um dos serviços que realizava era de lixar treliças, sem nenhum tipo de equipamento de proteção e que inalava os resíduos do processo. Os locais de trabalho eram três mercados, uma fábrica de suco de laranja e uma quitanda de frutas e verduras em diferentes partes da Zona Oeste.
Os sete resgatados eram “escravos de ganho”: quando as vítimas são obrigadas a realizar serviços fora da casa onde moram e entregar o dinheiro que ganham, ficando apenas com uma pequena parte. Frequentemente, em vez de receber dinheiro pelas tarefas, os trabalhadores recebiam tinta para pintura das casas onde moravam ou carne e salsicha para comer. Além disso, ainda eram obrigados a frequentar os cultos da igreja.