A presença de pessoas negras no serviço público brasileiro aumentou de 46,1% para 52,9% entre 2013 e 2025, segundo dados da República.org. Apesar do avanço, o índice geral esconde diferenças relevantes entre os níveis de governo: nas prefeituras, negros são maioria (56,9%), enquanto, na esfera federal, representam apenas 42,6%. Nos estados, a distribuição é praticamente equilibrada, o que reforça que o grande contingente de servidores municipais impulsiona a média nacional.
O Anuário de Gestão de Pessoas no Serviço Público aponta que a participação de pessoas negras diminui conforme se avança para administrações estaduais e, sobretudo, federais, onde estão os cargos com melhores remunerações. Para Ana Sales, analista de dados da República.org, o aumento da representatividade é motivo de otimismo, mas a baixa presença no nível federal segue sendo um desafio central.
A entidade avalia que o perfil racial brasileiro precisa aparecer de forma equilibrada em todas as esferas do setor público, e não apenas na média geral. A menor presença de pessoas negras em cargos de elite é atribuída à falta de acesso à educação de qualidade, ao longo período de preparação exigido pelos concursos e à ausência de redes de apoio que facilitem o ingresso e a permanência no serviço público.
Como solução, a República.org sugere políticas de longo prazo, como incentivar estudantes negros nas áreas técnicas desde a educação básica, criar bolsas de preparação específica para concursos, revisar critérios de avaliação e ampliar o suporte nos cursos de formação. O levantamento também associa o avanço na participação de pessoas negras às políticas afirmativas e à expansão das cotas raciais no setor público.
