Uma mulher de 24 anos é suspeita de ser mandante de um homicídio qualificado. Ela foi presa pela Polícia Civil depois que as investigações encontraram divergências nos relatos apresentados no caso ocorrido em agosto de 2021.
De acordo com o delegado Gustavo Barleta, responsável pelas investigações, tudo começou quando a suspeita, de 22 anos à época e mantinha um relacionamento com o homem de 40 anos e com a mulher dele, de 38, decidiu tirar o homem do trisal e viver um romance monogâmico com a mulher. O casal estava junto há 20 anos.
“Ela decidiu que acabaria com a situação e, para isso, pagou três comparsas para que simulassem o latrocínio (roubo seguido de morte), contra esse homem. A ideia era encenar, mas assim que foi feita a abordagem, um dos autores do crime disparou duas vezes no rosto e uma vez no ombro da vítima. O homem morreu no local. Para simular um assalto, eles levaram a carteira e o celular da vítima”, relata.
Ainda segundo o delegado tudo foi planejado para garantir que, além do romance, elas tivessem condições financeiras para viverem como casal. Para isso, a suspeita arquitetou meios de encobrir possíveis suspeitas que recaíssem sobre ela.
“Menos de um mês antes do crime, a suspeita, que era gerente de um banco, convenceu a vítima a fazer um seguro de vida para si com a desculpa de que ela ganharia pontos no trabalho. Mesmo o homem alegando que não tinha dinheiro para pagar pelo serviço (com a bonificação de R$ 220 mil em caso de morte), a mulher conseguiu convencê-lo, chegando a pagar a primeira parcela do seguro. Ainda para não levantar suspeitas, a mulher pediu que um colega de trabalho fizesse essa venda e, assim aconteceu, como se fosse um procedimento padrão”, acrescenta.
A polícia passou a desconfiar do caso, inicialmente investigado como latrocínio, depois que a mulher, na delegacia, fazendo companhia para a namorada, apresentou certo nervosismo e falas controversas. “Conversamos com as duas e enquanto a esposa da vítima contou que os três viviam um romance, a suspeita alegava ser apenas uma amiga da família. Ela também ficou nervosa ao falar sobre o crime. Formalizamos o pedido de depoimento e, ela que até então era apenas testemunha, chegou com um advogado e com um novo número de telefone”, diz.
Ao ser confrontada, a mulher passou a alegar que o executor do crime seria um amigo, ao qual ela, antes do crime, teria presenteado com um celular. “Ela criou uma conversa falsa no whatsapp com esse amigo, simulando um diálogo em que ela conta pra ele que era estuprada pelo homem e, nesse diálogo fake, o amigo respondia que iria matá-lo”, diz o delegado.
Esse amigo foi preso preventivamente, segundo o delegado, mas ele conseguiu provar que a história da conversa nunca existiu e foi solto.
O delegado Gustavo Barletta informou que o crime aconteceu na madrugada do dia 20 de agosto de 2021 e horas antes, o trisal, acompanhado de um amigo, foi a uma boate de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte. Na hora de irem embora, a suspeita optou por não ir para casa dos parceiros como tinha o costume de fazer. “Ela disse que não se sentia bem e disse que iria para casa na companhia do amigo”, disse.
O casal, então, ao chegar na porta de casa, foi abordado por um trio em um carro prata, com a placa adulterada, que rapidamente anunciou o assalto e matou o homem. “O fato dela não querer ir para a casa do casal, a execução rápida e outros elementos ajudaram a montar esse quebra-cabeça”, disse.
Em janeiro deste ano, a mulher, um tio dela, que é um ex- funcionário do sistema prisional, e um amigo dele foram presos preventivamente por homicídio duplamente qualificado, por motivo fútil e sem chance de defesa à vítima, fraude processual e denunciação caluniosa. Um terceiro homem, quem teria efetuado os disparos, é procurado pela polícia.