Foi a partir da divulgação do valor da indenização de R$ 1,7 bilhão, por danos ambientais e socioeconômicos, da Braskem, ao município de Maceió, que o senador Renan Calheiros passou a se manifestar, publicamente, sobre o caso. Não à toa, o governador Paulo Dantas, que também nunca havia se posicionado sobre o assunto, não consegue tratar do tema sem repetir inúmeras vezes a palavra acordo – em referência ao valor recebido pela cidade de Maceió, que na visão deles deveria ter ido para os cofres estaduais.
A proximidade com o ano eleitoral também parece ter sido um fator determinante para a mudança de postura depois de, aproximadamente, 6 anos de silêncio.
Assim, Calheiros passou a defender a abertura de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito), no Senado Federal, depois da CPI da Covid, durante a pandemia, que lhe rendeu muito espaço na mídia nacional diante daquele momento vivido no país e no mundo. Deste modo, surge também a impressão de que encontrou outra pauta para tentar repetir o feito.
Experiente, o parlamentar alagoano projeta milimetricamente sua reeleição, em 2026, já em 2024. Ciente da rejeição do eleitorado de Maceió e do natural surgimento de outras lideranças, busca atenuar o quadro com uma questão que alcança diretamente cerca de 60 mil pessoas, vítimas de um dos maiores absurdos da nossa história com a exploração desenfreada de sal-gema.
Mas diante da possível priorização dos interesses eleitorais e do comportamento político agressivo do senador, representantes de importantes setores locais estão preocupados com a possibilidade dos efeitos de uma repercussão negativa, da cidade de Maceió, na grande mídia. Embora, o tema, pela gravidade, seja merecedor de toda visibilidade possível, as questões que dizem respeito às individualidades políticas não podem estar acima de pontos fundamentais em torno do crime cometido pela Braskem e suas profundas consequências.
Pois, estamos falando de um mestre no ‘pulo do gato’.
E se dizem que os gatos têm sete vidas, esse está na oitava (vida política).
E não abre mão da nona.
|Fonte: Por Jana Braga