A Polícia Federal identificou que uma organização criminosa utilizava garotas de programa como uma das iscas para atrair parlamentares e outras autoridades que eram alvos de monitoramento e até assassinatos sob encomenda. A informação consta em uma tabela apreendida durante operação que investiga a venda de sentenças judiciais e revelou a estrutura do grupo, batizado de “Comando C4”, sigla para “Comando de Caça Comunistas, Corruptos e Criminosos”.
O material estípula valores para serviços clandestinos, como o monitoramento de senadores por R$ 150 mil e de ministros do Poder Judiciário por R$ 250 mil. Também são listadas armas pesadas como fuzis e minas, hackers, equipes de inteligência, locação de imóveis e a utilização de garotas e garotos de programa como estratégia de disfarce e aproximação dos alvos.
A tabela foi encontrada no celular de um advogado investigado por participação em um esquema de venda de decisões judiciais. O caso teve início no Tribunal de Justiça de Mato Grosso e se expandiu para o Superior Tribunal de Justiça (STJ), com indícios de pagamento de propina a desembargadores e assessores de ministros.
Nesta quarta-feira (28), a PF cumpriu cinco mandados de prisão preventiva, quatro de monitoramento eletrônico e seis de busca e apreensão em Mato Grosso, São Paulo e Minas Gerais. Os agentes também aplicaram medidas cautelares como o recolhimento de passaportes. Segundo a corporação, o grupo é suspeito da prática de espionagem e homicídios encomendados.
O inquérito tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) e está sob relatoria do ministro Cristiano Zanin, que autorizou as ações por conta das menções a ministros do STJ. Zanin já prorrogou o prazo das investigações por 60 dias, atendendo a um pedido da PF que classificou o esquema como “consideravelmente mais sofisticado e complexo” do que se imaginava.