A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro se encaminha para o fim e alguns dos nomes convidados ou convocados podem não ser ouvidos devido a falta de tempo. Isso porque o presidente da CPMI, deputado Arthur Maia (União-BA), defende que o relatório elaborado pela senadora Eliziane Gama (PSD-MA) seja lido até o dia 17 de outubro. Com isso, restariam nove reuniões para a oitiva de testemunhas. Com o acordo firmado pela mesa diretora, aliados do governo teriam direito a convocar seis pessoas, e os opositores, três.
Até o momento, são 30 os nomes convocados que ainda não prestaram depoimento e a expectativa é que mais pessoas sejam convocadas. Eliziane, por sua vez, defende um período um pouco maior para os trabalhos da CPMI, mas sem a necessidade de esticar os 180 dias de prazo já estabelecidos. Para ela, o ideal seria que os depoimentos acontecessem até o dia 25 de outubro. Com isso, a apresentação e aprovação do relatório ficariam para a primeira quinzena de novembro. Nesta semana, Maia afirmou que “nem governo, nem oposição” estão interessados em prorrogar os trabalhos da comissão.
“Creio que estamos caminhando para um entendimento geral de que a data de outubro seria uma data razoável para que todas as oitivas e documentações sejam analisadas e possamos chegar a um relatório final”, disse. Entre os nomes já convocados e não inquiridos está o do general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do governo de Jair Bolsonaro (PL); e do general Walter Braga Neto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil. Além desses, o tenente-coronel Mauro Cid foi reconvocado para falar sobre os novos desdobramentos nos casos das joias.
Além dos nomes já aprovados, os governistas querem ouvir o general Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa durante o governo de Jair Bolsonaro, que teria se encontrado com o hacker Walter Delgatti Netto, como este revelou em seu depoimento à CPMI. A oposição ainda tenta emplacar a convocação de José Américo Gaia, comandante da Força Nacional de Segurança. Outro alvo dos opositores mais aguerridos é o ministro da Justiça, Flávio Dino, cuja convocação é vista como improvável por parte dos governistas. Os parlamentares também não descartam convocar Ricardo Cappelli, ex-ministro interino do GSI, e Glauber Amorim de Carvalho, assessor de inteligência do Ministério da Justiça.
Outra ideia da oposição é aprovar uma acareação entre o general Gonçalves Dias e o general Gustavo Henrique Dutra de Menezes, ex-chefe do Comando Militar do Planalto. Ele chefiava o comando durante os atos golpistas de 8 de janeiro. Grande parte dos convocados que ainda não foram ouvidos pela CPI já foi ouvida pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Legislativa do DF. A senadora Damares Alves (Republicanos-DF) chegou a propor, na última quinta-feira (31), que parte dos depoimentos sejam substituídos por pedidos de esclarecimentos, como aconteceu durante a CPI da Pandemia. Para que isso aconteça, o plenário precisa aprovar requerimentos que transformem os depoimentos em esclarecimentos.