O ex-ministro José Dirceu (PT), condenado no escândalo do mensalão, foi apontado como um dos quatro principais alvos de um plano clandestino elaborado por militares ligados ao então governo Bolsonaro. No chamado “Plano Punhal Verde Amarelo”, o petista era tratado pelo codinome “Juca”, conforme confirmaram fontes com acesso às investigações conduzidas pela Polícia Federal. A ação previa o assassinato de figuras centrais, sendo o ministro do STF Alexandre de Moraes o primeiro da lista, seguido por outros três identificados como Jeca (Lula), Joca (Alckmin) e Juca (Dirceu).
Documentos investigativos e relatos de oficiais da reserva indicam que os militares enxergavam Dirceu como figura influente nos bastidores do futuro governo Lula, mesmo estando afastado das decisões formais e articulações políticas. Segundo trecho do plano, sua eliminação representaria um golpe estratégico contra a esquerda: “A sua neutralização desarticularia os planos da esquerda mais radical”, descreveu o general Mario Fernandes, que liderava a proposta de ação violenta. Ele também mencionou que a morte de Dirceu não causaria “grande comoção nacional”.
José Dirceu foi um dos principais articuladores políticos dos primeiros governos Lula e cumpriu pena por corrupção no caso do mensalão, esquema de compra de apoio parlamentar revelado em 2005. Embora tenha mantido influência informal dentro do PT, o ex-ministro está hoje distante do Palácio do Planalto e não ocupa cargos na gestão federal. Procurado pela reportagem, Dirceu preferiu não se manifestar sobre o caso.