A Câmara dos Deputados decidiu manter o mandato de Carla Zambelli e aplicar apenas uma suspensão de seis meses ao deputado Glauber Braga, em uma sessão que expôs mais uma vez a divisão e os acordos de bastidores no Congresso.
O plenário rejeitou a cassação de Zambelli com 227 votos favoráveis, 30 a menos do mínimo necessário. Mesmo condenada a 10 anos de prisão pelo STF por comandar a invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça e inserir documentos falsos com ajuda do hacker Walter Delgatti, a deputada seguirá com o mandato. Ela chegou a fugir para a Itália, foi presa perto de Roma e aguarda a análise do pedido de extradição pela Justiça italiana. A decisão da Câmara contrariou a recomendação da CCJ, que havia aprovado a cassação por ampla maioria.
Na mesma sessão, os deputados também aliviaram a situação de Glauber Braga. Por 318 votos a 141, a cassação dele foi transformada em suspensão. A articulação contou com apoio de aliados e até de setores do Centrão, surpreendendo até partidos de esquerda que já davam como certo o fim do mandato. Glauber era acusado de confronto físico com um integrante do MBL e de ocupar a Mesa Diretora por duas horas em protesto contra as votações.
O clima esquentou quando o vice-líder do PL, Bibo Nunes, orientou voto pela suspensão. Ele acabou destituído do cargo logo depois por decisão de Sóstenes Cavalcante. O governo negou ter atuado na articulação, apesar das suspeitas de liberação de emendas.
Em meio à tensão, o presidente da Câmara, Hugo Motta, notificou por edital os deputados Eduardo Bolsonaro e Alexandre Ramagem, que estão nos Estados Unidos. Eduardo é investigado por excesso de faltas desde que se mudou do país em março e tem cinco dias úteis para apresentar defesa. Já Ramagem, condenado por golpe de Estado e com prisão decretada pelo STF, fugiu para os EUA em setembro e pode perder o mandato caso não se manifeste.











