Após ser derrotada pela boxeadora taiwanesa Lin Yu-ting, uma das atletas envolvidas na falsa acusação de que não seria uma mulher, a búlgara Svetlana Staneva fez o gesto de X e apontou para si mesmo, ainda no ringue. O gesto teria sido uma forma de provocar a adversária, em referência aos cromossomos XX, que indicam o sexo feminino.
O momento repercutiu nas redes, com muitas páginas e pessoas compartilhando a acusação de que Lin Yu-ting seria um homem. A luta foi neste domingo (4), pelas quartas-de-final do peso pena feminino, até 57 kg. Além de fazer um X com as mãos e apontar para si mesmo, ela deixou o ringue gritando “não”, irritada com a decisão unânime da arbitragem que deu a vitória para a taiwanesa.
No ano passado, Lin Yu-ting e a argelina Imane Khelif foram desclassificadas do mundial de boxe por terem reprovado em “teste de verificação de gênero”. Mas a federação internacional de boxe (IBA) nunca deu detalhes sobre os exames e foi criticada pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) pela falta de transparência. O COI defendeu a participação das duas atletas em Paris-2024, afirmou que elas “sofreram ataques enganosos em redes sociais”, e que os procedimentos a que foram submetidas pela IBA são “pouco claros e arbitrários”.
— Elas perderam e venceram contra outras mulheres através do tempo e precisamos deixar muito claro, isto não é uma questão transgênero. Sei que sabem disso, mas houve alguns erros de reportagem, é muito importante dizer que não é uma questão de transgêneros – disse o porta-voz do COI, Mark Adams, após a vitória da argelina contra a italiana Angela Carini ter criado a polêmica na última semana.
Mas, mesmo com a posição do COI, o tema segue criando ruídos. Antes mesmo da luta entre Staneva e Lin, a Federação Búlgara de Boxe manifestou sua oposição à participação da taiwanesa.
Com a vitória no domingo, Lin Yu-ting já garantiu ao menos uma medalha de bronze. Ela volta ao ringue, para a semifinal, na quarta-feira (7) para encarar a turca Esra Yildiz Kahraman.
Fonte: O Globo