O compartilhamento de notícias e opiniões políticas tem se tornado cada vez menos frequente em grupos de família, amigos e trabalho no WhatsApp. Além disso, mais da metade dos usuários afirma sentir medo de se posicionar politicamente nesses espaços. A constatação faz parte do estudo Os Vetores da Comunicação Política em Aplicativos de Mensagens, divulgado nessa segunda-feira (15) pelo InternetLab e pela Rede Conhecimento Social.
Segundo a pesquisa, embora a maioria dos usuários participe de grupos de família (54%), amigos (53%) e trabalho (38%), apenas 6% integram grupos específicos de debates políticos — uma queda em relação a 2020, quando esse número era de 10%. Entre 2021 e 2024, também houve redução significativa na circulação de conteúdos sobre política nesses grupos, especialmente nos de família e amigos, onde o tema tem sido evitado para prevenir conflitos.
O levantamento aponta que o receio de se posicionar é generalizado: 56% dos entrevistados dizem ter medo de expressar opiniões políticas porque consideram o ambiente “muito agressivo”. Esse sentimento aparece entre pessoas de diferentes espectros ideológicos. Para evitar brigas, muitos usuários relatam adotar estratégias como se policiar sobre o que dizem, evitar o tema política em grupos familiares ou até sair de grupos onde não se sentem à vontade.
Apesar desse cenário, o estudo também identifica um grupo minoritário que segue compartilhando opiniões mesmo sob risco de desconforto. Entre os que se sentem seguros para falar de política no WhatsApp, estratégias como usar humor, conversar no privado ou restringir o debate a grupos ideologicamente alinhados são as mais comuns. Para os pesquisadores, esse comportamento revela um amadurecimento no uso do aplicativo, com o desenvolvimento de normas próprias para lidar com a comunicação política no ambiente digital.








