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Arte sustentável: conheça o alagoano Yang da Paz Farias que trabalha com madeira na Ilha do Ferro

No belo cenário da Ilha do Ferro, situada em Pão de Açúcar, vive um jovem artista talentoso que está redefinindo a relação entre a arte e o meio ambiente. Yang da Paz Farias, de 27 anos, é um escultor de madeira cuja jornada de vida e trabalho artístico é profundamente enraizada na sustentabilidade e na preservação da natureza. 

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Tudo começou quando Yang era apenas um menino de 7 anos, vivendo em um acampamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) chamado Riacho Grande. Foi lá que ele aprendeu os segredos da arte em madeira com seu pai, o mestre Petrônio, um habilidoso escultor. 

O pai de Yang, por sua vez, tinha adquirido suas habilidades com mestre Fernando da Ilha do Ferro. Desde o início, Yang estava destinado a seguir os passos de seu pai, começando por copiar suas criações, como pássaros, formigas, ex-votos, carrancas e cobras. Com o tempo, ele começou a dar seu toque pessoal às peças, sempre se baseando nas obras de seu pai.

Foi inspirado por essas influências que Yang começou a esculpir jogadores de futebol a partir de galhos de pereiro. Com o passar dos anos, esses jogadores se transformaram em sua assinatura, os bailarinos, que agora são suas obras mais reconhecidas. Mas, naquela época, ele ainda não tinha plena consciência da importância da sustentabilidade.

Sua conscientização ambiental começou a crescer graças à sua participação em cursos, reuniões do MST e ao trabalho de plantio de mudas liderado por seu pai. Yang percebeu que poderia contribuir para a preservação da natureza, não apenas por meio de sua arte, mas também escolhendo madeira morta e galhos de áreas destinadas ao desmatamento para suas esculturas.

O processo criativo de Yang é fascinante. Com o tempo, desenvolveu um olhar apurado que lhe permite enxergar formas em galhos e troncos que a maioria das pessoas não perceberia. Sua vida e experiências enriquecem sua arte, constantemente inspirando-o a criar peças. Algumas delas surgem como desafios propostos por seus clientes, como os palhaços, um desafio lançado por Marcelo da Mdepositodearte.

O compromisso de Yang com a sustentabilidade é uma característica marcante de sua arte. Ele se orgulha de usar apenas madeira morta e galhos de áreas desmatadas para sua escultura. Além disso, ele cultiva mudas de árvores nativas para mitigar os impactos do desmatamento ilegal na região, preservando craibeiras e mulungus.

Sua preocupação com o meio ambiente se reflete em algumas de suas peças que são praticamente esculpidas pela própria natureza, requerendo apenas sua habilidade para revelar sua beleza. Yang já criou uma variedade de esculturas, incluindo pássaros, formigas, ex-votos, cobras, carrancas, bonecos, jogadores de futebol, bancos, mesas, atletas, bailarinos e figuras imaginárias. No entanto, suas preferidas são os bailarinos e as criações imaginárias.

No início, com ferramentas simples como faca, facão, serra e lixa, Yang enfrentou desafios ao trabalhar com troncos e madeiras mais duras, como pereiro e craibeira. Tudo o que ele aprendeu sobre entalhar madeira foi transmitido por seu pai. Agora, ele utiliza ferramentas adicionais, como formões, lixadeira e até um motosserra, para aprimorar suas obras.

A exposição das criações de Yang não se limita à Ilha do Ferro. Ele participa das feiras do MST e exibe suas peças em eventos de artesanato em Maceió. Embora ainda não tenha participado de grandes feiras, sua arte está se tornando conhecida no mercado e ele tem encomendas para os próximos três anos, sendo os bailarinos sua grande atração.

A escassez de matéria-prima devido ao uso exclusivo de madeira morta está se tornando uma preocupação, o que torna essencial o plantio em larga escala para manter seu trabalho sustentável. Isso tem sido fundamental para aumentar a visibilidade de sua arte e, ao mesmo tempo, permitir que ele auxilie outras pessoas. Yang acredita que seu sucesso pode inspirar outros a adotar práticas mais sustentáveis, à medida que percebem a conexão entre seu trabalho e a preservação ambiental.

Além de seu trabalho artístico, Yang dedica tempo para realizar oficinas de escultura em madeira em áreas do MST, compartilhando sua habilidade e paixão com outras pessoas. No próximo ano, ele planeja expandir essas oficinas em todo o estado.

Olhando para o futuro, Yang tem planos ambiciosos. Ele deseja participar de mais exposições e, se possível, levar sua arte e suas ideias para outros países, destacando a importância da arte como um agente de transformação social e ambiental. Em um mundo onde as mudanças climáticas são uma preocupação central, Yang acredita que todos os artistas devem adotar práticas sustentáveis desde o início, tanto para proteger o meio ambiente quanto para valorizar seu trabalho.

Você pode entrar em contato com Yang da Paz Farias pelo Instagram @atelieyangdapaz, onde ele disponibiliza o link para seu WhatsApp. Sua arte não é apenas uma expressão criativa, mas também uma declaração de amor e cuidado com o planeta que todos compartilhamos. A jornada de Yang é um lembrete inspirador de que a arte e a sustentabilidade podem andar de mãos dadas, proporcionando um futuro mais brilhante para as gerações futuras.

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