Em 2023, o Brasil testemunhou um triste recorde de violência sexual, com 83.988 casos registrados, o que equivale a um estupro a cada seis minutos, conforme revelado pelo Anuário Brasileiro de Segurança. Este número alarmante representa um aumento de 6,5% em relação ao ano anterior. Muitas delas adolescentes e crianças, com até 13 anos de idade. Esse perfil é agravado pelo fato de que 84,7% dos abusos ocorrem no ambiente familiar ou são perpetrados por pessoas conhecidas.
A diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Samira Bueno, destacou que o aumento dos casos de violência durante a infância, evidenciado pelo crescimento de 30,3% nos registros de maus-tratos, é uma preocupação adicional. Essa realidade sombria é agravada pelo contexto pós-pandemia, onde os lares se tornaram cenários mais propensos à violência.
Além do impacto emocional e psicológico profundo sobre as vítimas, o relatório também destaca as implicações físicas, como a gravidez resultante de estupro. No Brasil, qualquer relação sexual com uma pessoa menor de 14 anos é considerada estupro de vulnerável, mas a realidade das dificuldades para denunciar tais crimes persiste. O Fórum alerta que criminalizar as vítimas, especialmente crianças, por atrasos no processo de interrupção da gravidez decorrente de estupro, é mais uma forma de violência em uma situação já marcada pela extrema vulnerabilidade.