A morte da cantora Preta Gil, aos 50 anos, vítima de complicações causadas por um câncer colorretal, jogou luz sobre uma doença que vem crescendo de forma preocupante entre pessoas com menos de 50 anos. O tumor, diagnosticado na artista em janeiro de 2023, quando ela tinha 48 anos, é considerado por especialistas como uma ameaça silenciosa, e com tendência de avanço entre a população jovem.
Segundo o oncologista Paulo Hoff, presidente da Oncologia D’Or, alguns estudos já apontam aumento de até 70% na incidência da doença entre pacientes com menos de 50 anos nos últimos 30 anos. Enquanto a taxa se mantém estável entre os mais velhos, os jovens têm sido diagnosticados com mais frequência e em estágios mais avançados.
Esse crescimento acendeu alertas ao redor do mundo. Nos Estados Unidos, por exemplo, a recomendação para exames preventivos caiu de 50 para 45 anos. No Brasil, o Instituto Nacional de Câncer (Inca) aponta aumento estatisticamente significativo entre homens de 20 a 49 anos, de 5 para 6 casos a cada 100 mil habitantes, entre os anos 2000 e 2017. Entre as mulheres jovens, a tendência também existe, embora ainda não seja considerada estatisticamente relevante.
Atualmente, o Brasil não possui um programa público de rastreamento específico para o câncer colorretal, ao contrário de outros tipos como o de mama e o de colo de útero. No entanto, segundo o Inca, já há discussões avançadas para a criação de um protocolo nacional voltado à detecção precoce dessa doença. A perda de uma figura pública como Preta Gil pode acelerar esse debate, e salvar vidas.











