20 de dezembro de 2025
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Brasil tem maior número de afastamentos do trabalho por saúde mental em 10 anos

Saúde mental

O Brasil enfrenta uma grave crise de saúde mental que afeta diretamente a vida de trabalhadores e empresas em diversas áreas. Os dados do Ministério da Previdência Social, obtidos com exclusividade pelo g1, revelam que, em 2024, os transtornos mentais se tornaram a principal causa de afastamento no trabalho. No último ano, foram concedidas 472.328 licenças médicas por questões psicológicas, o que representa um aumento alarmante de 68% em comparação com o ano anterior. A situação, considerada inédita, reflete uma realidade de insegurança e sobrecarga emocional enfrentada por milhares de trabalhadores.

De acordo com especialistas, como psiquiatras e psicólogos, o aumento dos afastamentos pode ser atribuído a uma série de fatores interligados, sendo um dos principais a crise econômica e as dificuldades no mercado de trabalho. Além disso, as cicatrizes deixadas pela pandemia de COVID-19 ainda são visíveis e agravaram o quadro de saúde mental de muitos brasileiros. A sensação de instabilidade financeira e o aumento da pressão no ambiente de trabalho também estão entre os fatores que mais têm influenciado o crescimento de doenças como depressão, ansiedade e burnout.

Em resposta a esse cenário alarmante, o governo federal tem buscado medidas mais rigorosas para lidar com a situação. O Ministério do Trabalho anunciou a atualização da NR-1, norma que estabelece diretrizes sobre saúde no ambiente de trabalho. Agora, as questões relacionadas à saúde mental também serão fiscalizadas nas empresas, e o não cumprimento das normas poderá resultar em multas para os empregadores. A medida busca garantir um ambiente de trabalho mais saudável e oferecer suporte aos trabalhadores que enfrentam transtornos mentais.

Embora o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) não tenha divulgado valores exatos sobre os investimentos em assistência à saúde mental, foi informado que as pessoas afastadas por transtornos mentais ficaram, em média, três meses em licença médica, recebendo cerca de R$ 1,9 mil por mês. Considerando esses dados, o impacto financeiro dessa crise pode ter chegado a quase R$ 3 bilhões em 2024, considerando apenas as licenças concedidas. O cenário evidencia a urgência de políticas públicas eficazes no combate ao sofrimento mental da população, além de ações preventivas nas empresas para evitar o agravamento dos casos.