Uma pesquisa conduzida pela Universidade de São Paulo e publicada na revista científica The Lancet, aponta que cerca de 90% das pessoas infectadas pelo vírus da Covid-19 podem desenvolver problemas pulmonares associados à doença mesmo após anos da alta hospitalar. O estudo, realizado com 237 pacientes que estiveram internados no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) em São Paulo, revelou que 92,4% deles tinham algum tipo de comprometimento respiratório após se recuperar da doença.
A pesquisa, coordenada pelo professor Carlos Carvalho, titular da disciplina de Pneumologia da FMUSP, considerou apenas pacientes internados entre março e agosto de 2020, período em que não havia vacina disponível. Além disso, todos os participantes do estudo tiveram casos graves da doença, como sinais de inflamação pulmonar e o desenvolvimento de fibrose. A análise foi feita de 18 a 24 meses após a alta hospitalar.
Outro ponto confirmado pelo estudo é que o maior tempo de internação, assim como a necessidade de ventilação mecânica invasiva e o avanço da idade, foram fatores determinantes para o desenvolvimento de lesões tardias, como a fibrose pulmonar – condição causada por lesões nos pulmões seguidas de problemas na cicatrização, resultando em falta de ar progressiva e tosse seca frequente.