O médico cirurgião João Batista de Couto Neto, de 46 anos, alvo de investigações por dezenas de casos de negligências médicas que resultaram em mortes e mutilações em mesas de cirurgia em Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul, foi detido na noite da última quinta-feira (14). Surpreendentemente, a prisão ocorreu enquanto ele exercia a medicina em um hospital de Caçapava, no interior de São Paulo, onde havia registrado um novo diploma no Conselho Regional de Medicina de SP (Cremesp) no início do ano.
O médico enfrenta indiciamento por homicídio doloso, com base em três inquéritos conduzidos pela Delegacia de Novo Hamburgo, que apontam sua possível responsabilidade em pelo menos 42 mortes e 114 casos de lesão corporal.
O delegado Tarcísio Kaltbac, responsável pelas investigações, revelou que Couto Neto, que atuava apenas na rede particular, chegava a realizar até 25 cirurgias em um único turno de plantão. A polícia explora a hipótese de que essa intensa carga de trabalho visava aumentar ganhos financeiros, mas resultava em negligência e erros médicos, levantando ainda a possibilidade de crueldade deliberada nos procedimentos.