A indicação de Flávio Dino para o Supremo Tribunal Federal (STF) não surpreende, dada a sua cogitação desde a aposentadoria de Ricardo Lewandowski em abril. O ex-governador do Maranhão e senador licenciado, já apresentado por Luiz Inácio Lula da Silva para ocupar a vaga, destaca-se pela sua estatura política e arcabouço jurídico. Contudo, essa nomeação evidencia a natureza política do Judiciário, um tema muitas vezes evitado ou negado pela sociedade.
Embora houvesse expectativas de uma indicação feminina e, preferencialmente, de uma mulher negra, Lula optou por seguir sua própria trajetória, destacando que não cederia a pressões externas. A escolha de Dino, alinhada à indicação de Paulo Gonet para a Procuradoria-Geral da República, reforça a preferência do presidente por figuras mais próximas ao seu círculo no STF. Essa decisão, porém, frustra as expectativas de ampliação da representatividade feminina na corte.
Dino, autodeclarado pardo, apresenta, ao menos, o critério da “negritude” na busca por representatividade. Contudo, a nomeação destaca as complexidades e desafios relacionados à diversidade no Judiciário brasileiro, colocando em evidência a discussão sobre as conexões políticas que permeiam as escolhas para o mais alto tribunal do país.