A ministra do Planejamento, Simone Tebet, refutou qualquer interferência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na liberação do empréstimo da Corporação Andina de Fomento (CAF) à Argentina. Em declarações à CNN, Tebet afirmou que não recebeu ligações de Lula sobre o assunto e que o voto do Brasil a favor do empréstimo foi decidido após consultas com a área técnica do Itamaraty e da Presidência, lideradas por Renata Amaral, secretária de Assuntos Internacionais e Desenvolvimento do ministério. O empréstimo de US$ 1 bilhão à Argentina, realizado em uma operação triangulada com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Central argentino, foi aprovado com 19 votos a favor e 2 contra no diretório da CAF.
O presidente Lula foi acusado pelo jornal “O Estado de S. Paulo” de interceder para facilitar o empréstimo, beneficiando o candidato peronista Sergio Massa na corrida eleitoral argentina. No entanto, Tebet esclareceu que a decisão foi técnica e que não houve influência presidencial no processo. O dinheiro do empréstimo foi destinado ao pagamento de parcelas atrasadas ao FMI, com o aval da instituição internacional, e os técnicos brasileiros avaliaram o risco como praticamente zero. O Brasil tem acompanhado de perto a situação econômica da Argentina, um dos principais parceiros comerciais do país, e buscado maneiras de oferecer apoio multilateral.
A votação favorável ao empréstimo na CAF contou com a oposição de dois votos do Peru, que tem peso duplo no diretório, enquanto o Brasil, apesar de ser o quarto maior acionista do banco, possui apenas um voto. O resultado da votação foi crucial para a Argentina, que busca estabilizar sua economia e cumprir seus compromissos financeiros internacionais. A ministra reiterou que o processo seguiu as regras e critérios técnicos, sem qualquer intervenção política externa.