A Câmara Municipal de Maceió realizou uma importante solenidade na manhã desta segunda-feira (25) para a entrega da Comenda Tia Marcelina. Proposta pelo vereador e atual secretário Municipal de Cultura Cleber Costa a solenidade de entrega foi presidida pela vereadora Silvania Barbosa (MDB).
Silvania disse que a CMM tem caráter plural e de respeito as todas as religiões e em especial as pessoas que têm uma contribuição cultural. As comendas de acordo com o que explicou são uma maneira da casa reconhecer a importância dos homenageados e sua relação com a cultura e ações sociais.
“Nós oferecemos comendas para quem contribui com a história de nosso Estado e nossa cidade. Todos os títulos foram aprovados por unanimidade. Gostamos de valorizar as comendas criadas nesta casa para não perdermos a essência e sua importância. Estou muito agradecida em poder participar e presidir esta sessão solene”, enfatizou Silvania.
Foram agraciados o Pai Xoroquê, Ekedi Maria Helena Lima, Mãe Nazaré, a Marinha do Brasil e o Orfanato São Domingos. Em memória também foram homanageados o professor Pedro Teixeira de Vasconcelos Pai Paulo da Silva e a professora Laura Dantas.
De acordo com o historiador e professor Edson Moreira que orientou o vereador Cleber Costa na indicação e importância dos homenageados, a Comenda Tia Marcelina é uma relevante contribuição para os que fizeram e fazem da cultura sem preconceito um aliado na formação humana em Alagoas.
“É uma honra muito grande pois é o reconhecimento do trabalho de todos que estão aqui. Essa comenda tem direção única para a humanidade. Estará voltada a todos os que trabalharam contra o racismo e a discriminação. Todos aqui foram escolhidos com muito critério. Tia Marcelina foi uma senhora que lutou contra a discriminação”, destacou o professor Edson.
Reconhecimento
Segundo o propositor das homenagens Cleber Costa a importância do reconhecimento histórico de todos os indicados é reflexo do que fizeram e fazem pela cultura a história do nosso Estado. Para ele a memória de quem contribuiu para uma causa tão nobre precisa ser preservada para que as próximas gerações tenham orgulho e referências a serem seguidas.
“Cada um de vocês aqui têm uma imensa contribuição e uma importância para esta cidade pelo trabalho que desempenham por meio da preservação da cultura e da religião de matriz africana. A luta pela igualdade racial é de longa data e parece não ter uma luz no fim do túnel para terminar tudo isso. A Marinha também tem um papel social e institucional inquestionável. Particularmente me encantei com a missão que teve para a preservação da história oral dos remanescentes de escravos, quilombolas da Ilha de Marabá. E foi a Marinha quem garantiu o transporte dos professores e pesquisadores”, lembrou Cleber.
A sacerdotiza Mãe Miriam, Patrimônio Vivo do Estado atualmente, é líder religiosa mais antiga em atividade das religiões de matriz africana. Ela destacou o fato de que muitos já sofreram e sofrem ataques de pessoas que não conhecem o propósito religioso e a ligação que matém com a natureza.
“Nunca coloquem na cabeça que nós dessa religião somos contrários ou endemoniados como já disseram pessoas da Igreja Universal. Fomos parar até no Ministério Público. Mas estou aqui. Resisti e resistirei até o fim. Nossa religião é uma das mais antigas do mundo. Temos cinco mil anos antes de cristo. Religião é um alicerce para as nossas vidas. Nossa religião é amar a Deus sobre todas as coisas e as forças virtuais da natureza que nossos antigos deram o nome de orixás. Temos que caminhar e fazer o bem sem olhar a quem. Religião é amor e é vida. A fé é um direito que temos dentro de nós”, disse Mãe Mirian.