O diretor, ator, encenador e dramaturgo José Celso Martinez Corrêa, o Zé Celso, morreu nesta quinta-feira (06), aos 86 anos, em São Paulo. Ele estava internado no Hospital das Clínicas, após um incêndio atingir o apartamento em que ele morava. Durante o incêndio, Zé Celso sofreu queimaduras de segundo grau no rosto, nas pernas e nos braços. Outras três pessoas que estavam no apartamento inalaram fumaça e estão sob observação médica. A causa do incêndio ainda é investigada, mas já existe a suspeita de que tenha começado por meio do aquecedor, ligado pelo dramaturgo.
Zé Celso é um dos principais nomes das artes cênicas no Brasil. Ele ficou conhecido, principalmente, por fundar o Teatro Oficina, uma das maiores e mais antigas companhias de teatro do país. Seu interesse por arte começou ainda criança, quando brincava de representar as mais diversas realidades no quintal de sua casa. O ator iniciou o curso de direito na Universidade de São Paulo (USP), por pressão dos pais, mas logo foi para métodos de atuação de Constantin Stanislavski, ator e pedagogo russo.
Ele criou, em 1985, ao lado de Amir Haddad, Renato Borghi, Etty Fraser, Fauzi Arap e Ronaldo Daniel, o Teatro Oficina, com sede em São Paulo. O grupo chamou atenção durante a ditadura militar, com uma linguagem que Zé Celso definia como “pulsão dionísica”, sendo assim, visto como mestre por nomes como Julia Lemmertz, Leona Cavalli, Reynaldo Gianecchini, Alanis Guillen, Alexandre Borges e outros.
Em abril, Zé Celso se casou com Marcelo Drummond, de 60 anos. Os dois estão juntos desde 1986, totalizando 37 anos de relação. Os dois se conheceram no Teatro Oficina, no mesmo ano. No mês seguinte, foram morar juntos e permanecem unidos até hoje. Com um relacionamento fluido, Marcelo afirmou que ele e Zé Celso não se relacionam sexualmente há mais de 20 anos: “Estamos casados pela vida que vivemos, compartilhamos tudo. Moramos juntos, mas não transamos há mais de 20 anos, cada um tem seus amantes.”
O ator, inclusive, travou uma briga com Silvio Santos que já ultrapassa gerações. O Dono do Baú recebeu um convite para o casamento, pedindo como sugestão de presente o terreno no entorno do Teatro Oficina, que foi alvo de uma disputa entre os dois durante mais de quatro décadas. O empresário era dono do local e pretendia construir três torres no espaço, enquanto Zé Celso, criador e diretor do Teatro Oficina, queria que a área sediasse o Parque do Rio Bexiga. “Essa briga é algo que nunca se resolve. É um imbróglio mais velho do que a minha relação com o Zé”, afirmou Marcelo Drummond, à época do casamento.
Ricardo Bittencourt, que estava organizando o casamento, foi quem teve a ideia de mandar o convite impresso para o dono do SBT. “É como o Ricardo diz: ‘O não [do Silvio Santos sobre a doação do terreno] a gente já tem. Não custa tentar o sim”, afirmou Drummond.