As negociações políticas entre o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estão em divergência devido à indicação do ministério da Saúde, já que aliados do deputado avaliam propor que o Partido Progressista (PP) possa apadrinhar um ministro da Saúde vindo do setor, em vez de indicar diretamente um parlamentar para o cargo. O centrão, grupo liderado por Lira, busca abrir espaço na Esplanada dos Ministérios para acomodar integrantes de partidos como PP, União Brasil e possivelmente, o Republicanos.
Por outro lado, aliados de Lula defendem que as trocas em ministérios sejam feitas de forma separada, a fim de evitar críticas de que o governo está cedendo aos interesses do centrão em uma reforma ministerial. A primeira etapa das trocas ministeriais seria, na próxima semana, a indicação do deputado Celso Sabino (União Brasil-PA) para o Ministério do Turismo, atualmente ocupado por Daniela Carneiro (RJ).
No entanto, as negociações para os demais ministérios estão enfrentando obstáculos. Lula resiste em abrir mão do Ministério da Saúde, enquanto aliados de Lira reconhecem que, para o presidente, a permanência de Nísia Trindade no cargo é inegociável, uma vez que ela nunca foi filiada a nenhum partido. A estratégia deles é insistir na proposta de indicar um nome técnico para o ministério da Saúde, com o apoio do PP, a fim de diluir a influência do centrão na indicação. Essa troca tem como objetivo acelerar a liberação de emendas parlamentares e assumir o controle do orçamento bilionário da pasta.
O grupo liderado por Lira prefere um ministério de destaque em vez de conseguir indicar membros para pastas menos relevantes. Enquanto a Câmara derrubava parte da estrutura da Esplanada dos Ministérios do governo Lula, o Palácio do Planalto fez acenos para atender aos pedidos do centrão, incluindo a ampliação do espaço do grupo no governo. Lula tem se envolvido na articulação política, reunindo-se com Lira e o líder do partido União Brasil, deputado Elmar Nascimento (BA).
Durante o encontro com Lira, o presidente também sinalizou que fará mudanças pontuais na Esplanada. No caso do Republicanos, a cúpula do partido tem resistido a ingressar no governo, embora parte da bancada na Câmara tenha a intenção de indicar aliados para cargos no Executivo. Deputados próximos a Lira afirmam que o Republicanos provavelmente ficará com cargos de segundo e terceiro escalão diante do impasse.
As negociações estão mais avançadas com Elmar e a bancada da União Brasil. Daniela Carneiro não possui respaldo do partido para permanecer no Ministério do Turismo. O prefeito de Belford Roxo (RJ) e marido de Daniela, Waguinho, aliado de Lula, tenta mantê-la no cargo, mas a maioria da bancada da União Brasil na Câmara defende a indicação de Sabino. Em contrapartida, Daniela poderá ter o poder de indicar nomes para cargos da SPU (Secretaria do Patrimônio da União) e hospitais federais no Rio de Janeiro.