O deputado estadual Amauri Ribeiro (União Brasil) disse, no microfone da tribuna da Assembleia Legislativa de Goiás, que financiou manifestações por uma intervenção militar para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Presidência da República. O parlamentar ainda desafiou a Justiça dizendo que deveria estar preso por ser um “terrorista” e “bandido”, já que ajudou os participantes dos atos que pediam um golpe de Estado.
A fala ocorreu durante sessão ordinária na terça-feira (06), como um protesto contra a prisão do ex-comandante da Rotam em Goiás, coronel Benito Franco. O militar, que ficou 51 dias detido, após cumprimento de ordem judicial pela Polícia Federal em uma das fases da Operação Lesa Pátria, foi libertado nesta quinta-feira (08) mediante medida cautelares e vai responder processo por participar dos atos de 8 de janeiro.
“A prisão do coronel Franco é um tapa na cara de cada cidadão de bem neste estado. Foi preso sem motivo algum, sem ter feito nada. Eu também deveria estar preso. Eu ajudei a bancar quem estava lá. Pode me prender, eu sou um bandido, eu sou um terrorista, eu sou um canalha, na visão de vocês. Eu ajudei, levei comida, levei água e dei dinheiro. Eu acompanhei lá e também fiquei na porta porque sou patriota”, afirmou o deputado.
O coronel Benito Franco foi preso em 17 de abril, em Goiânia. Filiado ao PL, mesmo partido de Jair Bolsonaro, o oficial da Polícia Militar de Goiás, foi candidato a deputado federal por Goiás em 2022, mas os 10.343 votos não o levaram à Câmara dos Deputados. O coronel costumava usar as redes sociais para atacar políticos de esquerda e instituições democráticas, especialmente o Supremo Tribunal Federal (STF). No fim do ano passado, o militar foi denunciado após gravar vídeos ameaçando que “o ladrão não sobe a rampa”. Ele se referiu a Lula.
Diante da repercussão da sua declaração, a assessoria de Amauri Ribeiro emitiu uma nota reclamando da imprensa, dizendo que sua fala foi deturpada. Ele reforçou que ajudou a manter acampamento de bolsonaristas em Goiânia contra a eleição de Lula e a favor de uma intervenção militar, mas negou ter participado ou financiado os atos de 8 de janeiro em Brasília.
“Em razão das notícias recentes divulgadas acerca de uma fala do deputado estadual Amauri Ribeiro (UB) na imprensa, o mesmo vem a público esclarecer que não fez parte e não apoia os atentados à democracia brasileira ocorridos no dia 8 de Janeiro. Foi levantada uma distorção por parte da imprensa em sua fala, em que o mesmo se referia a ajudar pessoas na porta dos quartéis do município de Goiânia, com água e comida até o dia 31 de dezembro de 2022. O parlamentar repudia qualquer ligação do seu nome com atentados antidemocráticos acontecidos em Brasília, em que o mesmo não compactua”, diz a nota.
Em 21 de janeiro, o Ministério Público do Estado de Goiás apresentou denúncia contra Amauri Ribeiro por considerar racista e homofóbica uma postagem nas redes sociais do parlamentar. Ele publicou a foto de uma mão branca apertando o punho de um braço negro, que usa uma roupa de arco-íris, que seria a bandeira LGBTQIA+, com a frase “na minha família não”. A Justiça aceitou a denúncia e o caso virou um processo criminal, que ainda não foi julgado.