Aspectos da cultura, fé e hábitos indígenas do povo Koiupanká vão ser apresentados em uma exposição fotográfica na Itália no dia 10 de junho. O trabalho assinado pelo fotógrafo alagoano Rama Costa traz imagens marcantes dos Jogos Indígenas em Inhapi, no Sertão Alagoano.
A mostra vai ficar exposta no Castello Douglas Scotti, na província de Lodi, na região da Lombardia e será a primeira vez que o alagoano expõe fora do Brasil. “Fiquei muito feliz. É muito gratificante poder levar um trabalho como esse que me identifiquei tanto. Uma amiga minha, a Geovana, que também vai expor na Itália, foi quem fez toda a ponte. Ela é de Inhapi e me introduziu na aldeia, foi ela também que conseguiu o selo do consulado, conseguiu o espaço para expor no Castello. Ela está sendo gigante”, disse.
O povo Koiupanká é descendentes dos Pankararu e os Jogos Indígenas são realizados na Aldeia Roçado, dos Koiupanká, e reúnem várias etnias de Alagoas. Entre as práticas das diversas modalidades esportivas, os ali presentes apresentam suas tradições. Os rituais dos Koiupanká foram cuidadosamente registrados pela lente de Rama, que acompanhou todo o processo de perto em uma verdadeira imersão. Os passos do Toré, ritual sagrado com dança, assim como as baforadas dos cachimbos, deram brilho ao conjunto de imagens que agora vão ser expostas na Itália.
“Estar lá é outra sensação. Foram dois dias e consegui pegar muita coisa legal. Pude assistir toda essas apresentações ali, no ambiente deles, comendo a comida deles, foi muito especial”, afirmou. Rama espera que a mostra dê mais visibilidade aos povos nativos e também ajude a romper as barreiras do preconceito.
“A gente ainda nota certo preconceito com a causa indígena. Dentro de tudo o que está acontecendo, esse momento delicado do marco temporal, é importante tirar eles do anonimato. Na fotografia a gente tem essa oportunidade, de fazer com que eles sejam vistos.”, disse. “Para povos que passaram mais de um século considerados extintos, praticando seus ritos e fé clandestinamente para não sofrer perseguição, os jogos são mais que provas de resistência física. São provas da resistência através da cultura”, completou.
Intitulada de Re-Existir, a mostra vai além da competição esportiva e chama a atenção para a resistência dos povos indígenas do Sertão de Alagoas.